Minha sorte foi tê-la notado
E me aproximado
Para mergulhar naqueles olhos,
Escondidos nas curvas
Que um lápis é gentil em ressaltar.
Olhos doces, de caramelo,
Que, às vezes, escorrem mar.
15 de dezembro de 2014
Sorte
23 de novembro de 2014
Estação Atacama
Eu tinha corrido para chegar até você. Não te deixaria esperando. A vastidão daquele sonho parecia aumentar de tão juntos os nossos corpos. Ligação covalente das mãos... Fusão nuclear das bocas... No deserto eu descobri o que me faltava. Debaixo do brilhante palio noturno eu te segredei que te amo e quero gastar minha vida provando o quanto.
29 de setembro de 2014
Pathos
I - Blackbird suicide
He flew in through the window and shattered all the glass...along with his neck. Wiggled painfully a short minute and was too soon gone. Who's to blame? He should have known better. That there were obstacles and traps scattered all around, so that no one could go flying without a plan and a certain destiny.
II - Refém
Se houve um tempo em que liberdade não era só uma palavra, esqueceram de relatá-lo. No dicionário, ela deveria vir acompanhada da referência 'vide utopia'. No mundo, ela foi pervertida em produto...ironicamente.
Ainda que conseguíssemos nos alforriar do consumismo, continuaríamos escravos da necessidade de sobreviver. Eternos reféns do medo. Ainda que abdicássemos todas nossas posses...Quem é vivo sempre tem algo a perder.
He flew in through the window and shattered all the glass...along with his neck. Wiggled painfully a short minute and was too soon gone. Who's to blame? He should have known better. That there were obstacles and traps scattered all around, so that no one could go flying without a plan and a certain destiny.
II - Refém
Se houve um tempo em que liberdade não era só uma palavra, esqueceram de relatá-lo. No dicionário, ela deveria vir acompanhada da referência 'vide utopia'. No mundo, ela foi pervertida em produto...ironicamente.
Ainda que conseguíssemos nos alforriar do consumismo, continuaríamos escravos da necessidade de sobreviver. Eternos reféns do medo. Ainda que abdicássemos todas nossas posses...Quem é vivo sempre tem algo a perder.
7 de agosto de 2014
Aparências
É de se admirar o esforço que alguns fazem em nome da superioridade. O assombro de esmaecer-se na multidão leva à rejeição consciente da simplicidade. Não faz muito tempo que a maior complicação para se retratar suas amáveis férias era carregar na bagagem dois rolos de kodak e, mais tarde, rir dos dedos na lente e olhos demoníacos. Veio o aperreador futuro na forma de sultuosas férias na Europa, retratadas em milhões de píxeis vistosos, que gritam de dentro do aparato moderno a que pertencem: Somos melhores!
Seria hipocrisia negar as vantagens da tecnologia, mas tudo aquilo em que você deposita seu suado (ou não) dinheiro, não te faria melhor ou pior humano. É despido de todas as grifes que se exibe o real caráter. Personalidade não se compra, mas é sim, resultado de trabalho.
Pena os Maias terem errado a data, mas ainda chegará o dia em que a humanidade toda estará sob a mesma bátega e toda a invenção da sociedade enveredará de mãos dadas pela estrada da extinção. Mas até lá...até lá tentaremos da maneira mais pífia nos convencer de que podemos ser melhores que o resto do mundo.
"See, their morals, their code... it's a bad joke. Dropped at the first sign of trouble. They are only as good as the world allows them to be.
I'll show you...When all the chips are down...these...these civilized people? They'll EAT each other!
See, I'm not a monster...I'm just ahead of the curve"
9 de junho de 2014
ODE EPUSP
Somos par ordenado
De um conjunto universo
Dos pontos fadados
A construir o mundo.
Aprendendo as leis
E lendo postulados.
Integrando em nós
As derivadas do passado.
Pois você gradiente
E eu não normal,
Postos em produto vetorial,
Propagamos escritos,
Em notação fasorial,
Desse regime permanente senoidal.
De um conjunto universo
Dos pontos fadados
A construir o mundo.
Aprendendo as leis
E lendo postulados.
Integrando em nós
As derivadas do passado.
Pois você gradiente
E eu não normal,
Postos em produto vetorial,
Propagamos escritos,
Em notação fasorial,
Desse regime permanente senoidal.
3 de junho de 2014
Fourier
Toda forma de transcrição de dados carrega distorções e perdas inerentes (a) pelo processo que a transcrição é feita (b) pela representação adotada para o dado.
Ex:
- Nosso corpo envelhece ao ponto da decreptude e, por fim, morte, devido a vários fenômenos, dentre eles a não replicação perfeita de nosso DNA durante a divisão celular.
-Muitos acreditavam que a música encontraria sua derrocada com a ascensão das mídias digitais, pois seria impossível carregar a complexidade de um sinal analógico para um sistema da dados binários.
-O que sonho é gravemente atenuado quando filtrado pela minha língua e perde mais ainda o esplendor quando posto pelo crivo do grafite.
Todavia lidamos com esse acinte do universo à nossa correspondência com o próximo, mas mesmo isso posto à luz, há quem insista em dificultar a comunicação. Seja pelo silêncio em um dos terminais, ou pelo ruido no canal, nossos dados não estão sendo corretamente interpretados pelo protocolo social.
Um pedido de socorro é frescura.
Contestar uma política é sedição.
Fazer uma piada é ofensivo.
Uma opinião sincera é sermão.
E sem saber se a falha está no ouvinte, ou em quem diz, ou em ambos, a configuração litigiosa existe sem data marcada para correção. Um não compreende por que o outro não o entende, então, tenta falar mais alto...Quanto tempo até ficarmos todos roucos?
Ex:
- Nosso corpo envelhece ao ponto da decreptude e, por fim, morte, devido a vários fenômenos, dentre eles a não replicação perfeita de nosso DNA durante a divisão celular.
-Muitos acreditavam que a música encontraria sua derrocada com a ascensão das mídias digitais, pois seria impossível carregar a complexidade de um sinal analógico para um sistema da dados binários.
-O que sonho é gravemente atenuado quando filtrado pela minha língua e perde mais ainda o esplendor quando posto pelo crivo do grafite.
Todavia lidamos com esse acinte do universo à nossa correspondência com o próximo, mas mesmo isso posto à luz, há quem insista em dificultar a comunicação. Seja pelo silêncio em um dos terminais, ou pelo ruido no canal, nossos dados não estão sendo corretamente interpretados pelo protocolo social.
Um pedido de socorro é frescura.
Contestar uma política é sedição.
Fazer uma piada é ofensivo.
Uma opinião sincera é sermão.
E sem saber se a falha está no ouvinte, ou em quem diz, ou em ambos, a configuração litigiosa existe sem data marcada para correção. Um não compreende por que o outro não o entende, então, tenta falar mais alto...Quanto tempo até ficarmos todos roucos?
17 de maio de 2014
Soldados
Ao contrário do que possam imaginar, meus dias não se
estendem. De tão atarefados são curtos. Sobreviver toma muito tempo.
À noite dedico-me ao
pensar. Demorei, mas acho que enfim compreendo o que de tão errado há com esse
mundo. Triste admitir, mas, no elenco dos culpados, nossos pais ocupam posição
de destaque. Sei que não foram eles que a cunharam e que sempre tiveram a
melhor das intenções em usá-la, mas a expressão 'ganhar a vida' é a raiz da
tragédia em que vivemos.
Há tanto que por esses ditos vivemos, que resta tentar
lembrar ao mundo de que a vida não é um jogo, embora assim queiram fazê-la. Ao
menos que fosse no contexto recreativo que o substantivo guarda, mas é
simplesmente a perversão de que aqui só há espaço para vencedores.
Então competimos.
6 de abril de 2014
Lala
Eu queimo a boca na pressa de prová-la,
Com o vapor saboroso que ela exala.
Fico com o gosto bom, mas perco a fala
E não posso dizer o nome dela...
Com o vapor saboroso que ela exala.
Fico com o gosto bom, mas perco a fala
E não posso dizer o nome dela...
5 de março de 2014
Apócrifo
Diz-se que, no início, o espírito de deus pairava sobre as
águas. É claro que não faz sentido tentar encontrar pontualmente essa entidade
etérea, uma vez que acredita-se ser omnipresente. O que o livro da gênese tentou nos contar é
que esse deus nem sempre teve seu olhar voltado a esse corpo planetário que
conhecemos como nossa terra. Há bilhões de anos, quando essa esfera ainda ardia
como infernal brasa, antes que qualquer punhado de moléculas sequer
intentasse se condensar em gigantes oceanos
para que espíritos se refrescassem, deus fazia experimentos em outro canto do
universo.
Verteu o leite para fazer estrelas temperadas com os
elementos da tabela que continua a crescer. Primeira vez fazendo a receita. É
comum que se erre. A proto via láctea tinha somente um pequeno sol amarelo no centro
e um corpo menor ainda que rodopiava em torno desse. Não primou em plantar
frondosas florestas. A terra era dura e cáustica. Povoada por apenas dois
humanoides, quem deus não se deu o trabalho de colocar juntos na vasta e
desolada cobertura do bolo. Fê-los errar por anos até se encontrarem. Foi esse
o primeiro de seus jogos sádicos: ver sofrer a quem ele designara, até então, somente os pronomes 'ele' e 'ela'.
Quando se viram à distância, apertaram os olhos e com
desconfiança se aproximaram. Talvez a secura estivesse causando desvarios. Ao
se defrontarem, um confim inexplorado de seus encéfalos foi ativado. Ver o
gênero complementar ali fez aflorar o instinto mais básico de que foram dotados
e, no instante seguinte, ela estava vergada numa pedra, bramindo luxuriosamente,
enquanto ele experimentava pela primeira vez o alívio rápido que aquilo causava.
Na mente do pobre néscio, ele tinha finalmente descoberto o propósito de
existir. E talvez não estivesse errado.
A outra tentativa da mesma receita, há quem concorde, foi tão
malograda quanto a primeira. Os novos ingredientes agora não se comunicavam tão
somente com grunhidos, estavam em concentração tão alta que se esbarravam em
toda extensão da nova terra e sua maior preocupação era escolher onde nadar, agora que eram
cercados de opções.
No tempo em que não
se enroscavam, pois esse instinto não lhes foi suprimido, pensavam em como
complicar ainda mais sua existência. Estultice inerente desses pobres que
esqueciam sua prosápia. Afinal, é sempre mais salutar imaginar-se como a melhor
criação do cheff .
(Em meus estudos, notei que é sempre mais difícil descrever um
comportamento transitório. Por isso, na maioria das vezes, consideramos ideal o
universo que se observa, passando a levar em conta somente os estados inicial e
final do sistema. O transitório é, salvos casos notáveis, desprezado.
Sabemos não ser o estado inicial e, tenho quase certeza, não
seremos o final. Pergunto: Somos notáveis?)
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