28 de outubro de 2011

Cena

Prepare o palco.
Aí vamos nós.
Entrelaçados
então chegamos.

Olho no olho,
balança, balança,
ficando tonto
e me perdendo.

Que bela cena.
As mãos cerram-se
tão perfeitamente

e o abraço quente
tão terno e eterno
que sempre balança a gente.

19 de outubro de 2011

Gran Mídia

    Uma imagem mente mais que mil palavras. Na falta do vocabulário adequado, algumas simples representações gráficas exortam com eficiência os mais diversos grupos, impressionando, entretendo, iludindo. Nós seres do novo milênio temos filia pela irrealidade entorpecente difusa pela mídia.
    O real cotidiano não agrada. Não é mais o bastante. Queremos romances hollywoodianos (com garotas que lembrem a Scarlett Johansson, ou garotos como o Brad Pitt), queremos super-poderes e novas leis físicas. Quem sabe até governantes que lutem heroicamente contra uma invasão alienígena? E despertamos e frustramo-nos. Já é difícil acabar com a corrupção. Os et's terão que aguardar.
    Se fossemos reconstruir a história somente através de imagens, teríamos sérias distorções.
   
    -Achei uma nova ilustração do período napoleônico. O tirano brincava de ciranda com as criancinhas. É fato!
    -OHHH! diria a pasma comunidade intelectual, enquanto Napoleão riria debochadamente de onde quer que ele esteja.

    Ou:

    -Vê-se por essa tela que o grito do Ipiranga foi uma ocasião gloriosa em nossa história.
    E o povo brasileiro, cada vez mais confuso, sairia às ruas pedindo a volta da monarquia.

    Mas que mal há em viver alheio ao real? Talvez seja mais saudável privar-se do dissabor que enfrentar a abjeta verdade que nos cerca. Esquecer a criminalidade e sair mais à noite. Arriscar (dosadamente) coisas novas. Pular da janela do 17º andar não é uma boa, pois as leis da física ainda não mudaram. É só termos mais cautela com o irreal nocivo, como a trágica existência de editores de imagem.

    -O que é isso?
    -Uma verruga!
    -Mas você não a tinha na foto que me enviou...
    -E você não era vesgo!