10 de fevereiro de 2013

Eiowl

Se você estivesse aqui,
Te provocaria como nunca.
Beijaria seu corpo.
Eu te abraçaria.

Se você estivesse aqui,
Te faria outra música.
Tocaria seu rosto.
Eu te amaria.

Mas sou pequeno.
Eu não tenho o alento
Pra te ter o tempo todo
E poder te amar todo dia.

Eu sou ingênuo.
Nunca sei o que faço.
Se te beijo ou te abraço,
Ou se te levo pra cama.

Enquanto você diz que me ama
E a gente brinca de fazer amor.
Enquanto o resto do mundo dorme
E eu fico com seu calor.

Se você estivesse aqui,
Eu não estaria tão triste,
Pois há algo em mim
Que só você sabe que existe.

Há algo em mim
Tão forte que transborda
Em lágrimas e sangue
Até que você me acorda.

1 de fevereiro de 2013

Só e mal acompanhado

    O artista entrou em seu quarto com o mais pesaroso dos ares. O dia estava doendo. Nos pés. Na cabeça. No coração. Foi o resultado de andar pensando nela.

    Estava quente e uma plateia de insetos se formava em torno de sua lâmpada. Zumbiam em exagerado rebuliço, esperando presenciar o momento de uma nova criação. O que seria? Uma música? Um poema?

    Tomou seu instrumento e o sentou em sua perna. Ensaiou tangê-lo, mas seus dedos vacilavam. O dia estava doendo. Observou os artrópodes que espectavam, agora acomodados nas paredes e teto.

    O artista levantou-se e apagou a luz. Sentou-se no escuro por alguns minutos. Um a um os insetos deixaram o lugar, decepcionados pela ausência de brilho e calor e o artista sentia falta dos zumbidos. No silêncio e no escuro era mais fácil lembrar de tudo que não estava ali.