28 de abril de 2016

IV

    Há quem ferrenhamente obste ao que exporei, mas, é sim bem possível chegar à cláusula de um relacionamento com ambas as partes desferindo um derradeiro "eu te amo". E são esses os piores. O dito outrora tão libertador, deixa os lábios agora sussurrado e vacilante, conferindo um tom galante, mas não menos pungente à ocasião e em seu rastro fica um vácuo em que seus sentimentos convulsionarão até expirarem...ou você antes.

(Continua)

5 de abril de 2016

III

    Foi um amigo quem primeiro ouvi comparar o jogo ao escalar de uma montanha. A ideia é excitante, algo não costumeiro,  e a sensação de recompensa acompanha-te através de todo sinuoso e extenuante trajeto,  até ser brevemente confirmada no cimo. Uma vez conquistado o topo, nada mais há para ser feito que senão retomar o fôlego,   despedir-se da incrível paisagem e começar a descida. De modo tão cauteloso quanto ali chegou-se. O caminho reverso é traiçoeiro. Um tropeço e tem-se a ajuda de todos os santos para afastar-se do céu com a maior velocidade com que seu corpo é capaz de rolar.  A comparação pareceu-me, apesar de prosaica, perfeita representação do jogo.
   
    É no alto que gritamos até romper as paredes da garganta 'estou aqui!', e o eco tarda em responder que ele também. Vê-se tudo, mas ao longe. E não ter braços que alcancem a mesma distância que os olhos,  faz brotar um sentimento belicoso.  Cravam-se bandeiras em pedras, unhas no peito, sorve-se tudo de um ar que nos faz ébrios de contentamento ...no efêmero intervalo entre a vitória e o desapego.

(Continua)