11 de abril de 2012

Poema do microondas

Microondas ,
Como ousa,
Me responda,
Tomar-me 30 segundos
E devolver-me a mesma coisa?


Fome tu não sente,
Como explicá-lo todavia
A comida em cima quente
E a debaixo fria?


Por Luma Antunes.
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7 de abril de 2012

Madallaine e os vícios

    Um estímulo externo, de origem variada, é captado por um ou mais de nossos vários órgãos sensoriais e transformados em impulsos nervosos. Esses, por sua vez, são transmitidos graças ao milagre da presença de neurotransmissores nas regiões sinápticas, alcançando o cérebro, que os interpreta e os transforma em sensações diversas. Os neurotransmissores são de tipos distintos. Sensações de euforia, saciedade e prazer são proporcionadas pela descarga de serotonina. Reiteradas descargas deixam a região responsável do cérebro mais sensível às oscilações desse neurotransmissor, assim, acostuma-se às sensações causadas. Eis, simplificadamente, a via metabólica do surgimento de um vício.
    É possível viciar-se em TUDO! Comida, jogos, lugares, substâncias químicas, pessoas... o que explica inúmeros dramas do cotidiano. O dependente pode ou não estar ciente do vício, mas a abstinência é a circunstância que causa constrangimento às vítimas, além de torná-las facilmente reconhecíveis.
    Quando conheci Madallaine, ela parecia feliz e livre de qualquer adicção. Não era! O breve ato que contracenamos juntos foi revelador em mais aspectos do que eu gostaria de admitir. Eu e ela tínhamos muito em comum. Além de graves falhas de caráter e uma renitente melancolia, éramos viciados num dos mais mortais entorpecentes conhecidos: A imaginação.
    Tanto tempo vivendo de sonhos acaba sendo frustrante, bem como nocivo. O efeito narcótico acaba e noites insones se apresentam. O êxtase é obliterado e precisamos recorrer a doses mais poderosas para superar o limiar do estímulo. Há quem diga que a imaginação não tem limites, mas na realidade, ela não é tão leniente como prega o adágio. Tive medo quando não conseguíamos mais discernir o concreto do ilusório e, é claro, culpei Madallaine. Não por me ter feito imaginar um mundo diferente, mas por não poder fazê-lo real. Eu nunca poderia ter asas. Jamais seria rico. Nem em uma vida aprenderia a tocar como o Hendrix. Nem sei se Madallaine existe, mas enfim, devo estar em abstinência. Onde estarão minhas ergotaminas?