12 de dezembro de 2012

Desarmado, desalmado, desamado

Ele estava velho. Não sabia precisar sua idade. Sua mente amargava por não ter progredido com o tempo, enquanto o resto era impiedosamente empurrado em direção ao futuro. Ao fim.  

Trazia um rosto mal escanhoado e a tez brilhante. A luz perniciosa era sugada em suas feições oleosas. Um rosto que parecia desfazer-se ao fazer-se cada vez mais soturno.

Estava só, em um dos largos cômodos de sua casa-purgatório. Um prato repousava com os restos vagamente nutritivos de seu almoço.

Seus olhos percorreram os cantos desolados e ele tentava, sem sucesso, conter a dor que vertia em forma líquida e incontrolável. Uma só pergunta lhe rasgava de dentro para fora. E se?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ponha para fora!