18 de março de 2015

Sr. Joaquim

    O pensamento politicamente correto tem como um de seus pilares a premissa de que nenhuma forma de violência se justifica em uma sociedade de indivíduos que se digam racionais. Mas, ainda há aqueles bravos que não se alinham a essa tendência maniqueísta do mundo moderno e reconhecem que, tudo posto em perspectiva, nos permite enxergar a variedade de tons entre os extremos do espectro.
    Ainda que reprovável, a violência pode ser tomada como último recurso na arte da persuasão. Aplicável àqueles que teimam em aceitar mesmo os mais válidos argumentos. Às vezes é necessário abrir na marreta uma cabeça dura.
    Faz anos, mas o exemplo é pedagógico. Houve uma discussão entre meu avô e o dono da chácara fronteiriça. O segundo,  possuidor de mais e mais valiosas terras, sentia-se no direito de conduzir, à revelia dos vizinhos, uma obra que desviaria a enxurrada em época de torrentes. De maneira mal planejada, calharam a rua a poucos metros da porta da casa de meu avô. O que seria inconveniente,  para não dizer perigoso, no caso de uma chuva forte.  Meu avô,  é claro,  protestou. O sr. Joaquim, quem propôs a obra, permaneceu indissolúvel...Até o momento em que meu avô buscou uma foice...a escavação parou naquele instante e, milagrosamente, pensou-se numa solução alternativa.
    Da mesma forma, toda a história manchada de sangue,  pode, à priori, parecer uma exaltação desnecessária dos homens que na época não conseguiram, através do diálogo, resolução para suas diferenças. Entre tapas e gritos a humanidade encontra o ponto de inflexão que muda seu rumo.

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